quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Nascido prematuro, para sempre prematuro?

Acho que a maior preocupação dos pais de um filho prematuro é saber quando é que o meu bebé deixa de ser prematuro?
A prematuridade pode ser de muitos níveis:
Pré- termo entre as 33 e as 36 semanas.
Prematuro Moderado entre as 28 e as 32 semanas
Prematuro Extremo nascido antes das 28 semanas.
Normalmente o prematuro extremo é aquele que tem mais probabilidade de ficar com alguns problemas de saúde ou de desenvolvimento como consequência da sua prematuridade.
O que não quer dizer que o prematuro extremo possa ficar sem qualquer problema e um prematuro pré-termo venha a ter problemas graves. Tudo depende de muitos factores, estre eles o peso à nascença, os cuidados pré-parto, o momento do parto e os cuidados prestados no mesmo e a... sorte!!!!
O Gonçalo nasceu no dia que fez 31 semanas. 
Portanto foi considerado um bebé prematuro moderado.

O Gonçalo foi muito vigiado na minha barriga entre as 30 e as 31 semanas para se decidir o momento certo para ele nascer. Às 30 semanas recebi as injeções que permitem ajudar na maturação pulmonar, e que podem ser decisivas no sucesso de um prematuro. O Gonçalo tinha de nascer porque tinha deixado de crescer às 30 semanas, e o fluxo do cordão umbilical estava afectado.
No dia que fez 31 semanas a equipa que estava de serviço disse que não queria arriscar mais e decidiu retirar o Gonçalo dentro de 1 hora.
O Gonçalo nasceu com 1365g ou seja de muito baixo peso para a idade gestacional que tinha. Normalmente um bebé de 31 semanas devia pesar cerca de 1800/1900g. O baixo peso fez toda a diferença na resistência do Gonçalo que acabou por passar 8 semanas internado na unidade de cuidados neonatais, destes 11 dias passados na unidade de cuidados intensivos. Este tempo passado em internamento é considerado acima do normal para um bebé de 31 semanas. E sabe-se que esse tempo de internamente pode afectar o desenvolvimento de um bebé.
O Gonçalo demorou por isso mais tempo a recuperar o desenvolvimento próprio da sua idade gestacional, quanto mais o desenvolvimento da idade real. 
O mais afectado foi o peso que ainda hoje não é normal. E o desenvolvimento motor com alguma fraqueza muscular , que afectou o momento de sentar, de gatinhar e mais tarde andar. 
Foi com 9 meses que eu achei que ele tinha algumas dificuldades. Felizmente a classe médica ouviu-me e imediatamente o Gonçalo começou a fisioterapia. E foi graças a esta que o Gonçalo começou a gatinhar com 14 meses. Com o gatinhar ele ganhou imensa auto estima e foi vê-lo evoluir a olhos vistos. E com 17 meses já andava ( já corria!). A partir daí o atraso motor passou a ser recuperado.
Com 2 anos disseram-nos: A partir de hoje o vosso filho já não é um bebé prematuro, vamos deixar de corrigir a idade. 
E a pessoa fica... Mas mas mas... ele não faz exactamente o que os da idade dele fazem...
Ele ainda é mais pequeno... E ainda é muito mais magrinho...
E para nós a imagem dele pequenino de 41cm e 1365g cheio de tubos não nos sai da cabeça...
Custa deixar de ter esse "cuidado" emocionalmente...
Mas precisamos de o fazer, até para deixarmos crescer naturalmente o nosso filho.
Hoje com 3 anos e meio ninguém vê no Gonçalo um bebé prematuro (excepto ainda eu confesso...), apesar de ainda hoje ter um percentil 10 de peso. Dizem só que ele é magrinho como outros da idade dele :)
O Gonçalo tem provavelmente alguma dificuldade ao nível da absorção alimentar o que dificulta muito o aumento de peso. Tem feito suplementos alimentares para permitir que pelo menos não perca peso. Tem feito imensos exames e até agora não se encontrou nada: não é celíaco, não tem problemas de tiróide, não tem intolerância à proteína do leite de vaca ( mas também não bebe leite de vaca, nem come iogurtes), não foi encontrada qualquer alergia, e todas as análises vêm normal, excepto ter alguma dificuldade em acumular ferro, mas nunca chegou a ter anemia.
Para complicar este caso o Gonçalo tem crises de aftas constantes à quase 2 anos... que apareceram no seguimento de uma gastroenterite, que nunca mais desapareceram... São crises de cerca de 10 dias com intervalos de 2 a 4 dias...
Por causa disso é seguido em várias consultas na Estefânia mas não encontramos razões para tal acontecer... Este quadro tem deixado o Gonçalo também mais débil, e de inverno para inverno o Gonçalo tem piorado os problemas respiratórios... Agora considera-se ser operado às amigdalas que são enormes. Quem o defende diz que ele vai melhorar em tudo. Mas depois há quem pense o contrário... E eu não sei o que decidir...
O Inverno está quase aí e eu ando em pânico com o que se vai seguir e o que devo eu fazer.
Será isto uma consequência da prematuridade?
Ou é apenas uma coincidência? Um azar?
Alguém que tenha um experiência semelhante por favor partilhe.
Agora virámos também para as medicinas alternativas para ver se conseguimos ajudar na imunidade do Gonçalo.
A esperança é sempre a última a morrer e pais desesperados tentam tudo...
Só não queremos que o futuro dele seja afectado por tudo isto.



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