segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Mas que idade tem afinal o teu bébé?

Esta é uma das perguntas mais comuns que me fizeram ao longo destes (já?) 10 meses.
No caso dos bébés prematuros existe uma idade real, que se conta desde o dia em que nasceu e a idade corrigida que se conta a partir do dia em que era suposto ter nascido tendo em conta o desenvolvimento normal de uma gravidez de 40 semanas. No caso do Gonçalo ele nasceu a 15 de Março de 2011 ou seja tem 10 meses e meio de idade real. Mas era suposto ter nascido a 17 de Maio de 2011 e por isso como idade corrigida tem menos 2 meses que a idade rEal, ou seja 8 meses e meio.
Porquê que isto é importante?
É importante ter em mente as 2 idades de um bébé prematuro pelo menos nos primeiro anos de vida para se conseguir descartar qualquer problema no desenvolvimento da criança. O Gonçalo por exemplo ainda não gatinha que é uma coisa que não é norMal aos 10 meses mas que aos 8 meses pode acontecer.
Sabe-se também que os bébés que nascem antes das 32 semanas e/ou com menos de 1500g têm mais possibilidades em ter desvios no normal comportamento motor ( eu não sabia até à pouco tempo...) e podem precisar de ser mais estimulados para equipararem o desenvolvimento de um bébé de termo.
Para mais informações consultem http://www.xxs-prematuros.com/prematuro.htm#crescimento

domingo, 29 de janeiro de 2012

Amigos no jardim

Este foi um fim de semana com um momento especial. Um momento em que amigos de longa data arranjaram umas horinhas nas suas vidas acelaradas para desejar os parabéns a um amigo especial. Foi um encontro simples mas cheio de sentimento e soube tão bem.
Fizemos um belo piquenique num jardim recentemente criado entre prédios em Benfica.
Levámos a nossa cria que esteve um pouco para o rabujentita...todos temos direito aos nossos dias menos bons...
Outros amigos levaram também as suas crias.
Já em casa numa conversa de casal perguntou-se a idade de uma das pequenas...
E eu disse: fez agora 3 anos...
Como é que eu sei?
Seria a idade do meu filhote mais velho se estivesse hoje entre nós...
Custa pensar naquilo que já podíamos ter vivido com ele...
Custa saber que nunca o vou ver correr pelo jardim...
Custa saber que nao o vou ver crescer...
Um beijinho até ao céu filhote.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O nascimento prematuro do Gonçalo - parte 4

Tínhamos ficado na primeira semana do Gonçalo internado na Mac.
Tenho demorado muito tempo a retomar este post porque esta é a parte que mais me custa.
Até esta altura acreditávamos que agora que o Gonçalo estava fora da minha barriga já nada podia acontecer...
E nesta altura damos conta que a versão do obstetra de um bébé com 31 semanas não é a mesma da de um pediatra...e que o nosso bebé não estava livre de riscos...
E eles aconteceram...
Ao sétimo dia de vida o Gonçalo mudou de comportamento... Deixou de se mexer... Já não choramingava de vez em quando... Estava muito parado... Eu achei estranho mas era mãe à apenas 1 semana não sabia o que isso podia significar... Mesmo assim falei com enfermeiro de serviço que me disse que os bebés as vezes tinham dias assim... Eu mesmo assim fiquei com a pulga atrás da orelha...
No dia seguinte achei que ele estava ainda mais xoxo... Falei com outra enfermeira de serviço que concordou comigo... E disse que ia falar com a médica dele. E assim foi. A médica veio observou-o e achou melhor fazer analises e para nosso infelicidade confirmou- se uma septicémia...
O meu mundo desmoronou...
Eu já chorava a possível morte do meu filho...
E eu ali sozinha... O pai tinha ido trabalhar para longe... Não havia ninguém em quem me apoiar...
Falei com o pai do Gonçalo que apanhou um susto e largou tudo e veio para ao pé de nós.
As lágrimas corriam-me pela cara abaixo e andei por aquele corredor dos cuidados intensivos sem saber o que fazer... O meu pai telefonou-me... Pensei em não responder... O que eu lhe ía dizer? Mas atendi e ele percebeu que algo não estava bem... Falámos pouco até que ele me faz a pergunta que me deixa de rastos : " Mas ele vai melhorar não vai?" Eu desatei a chorar e disse: " Oh pai... Tenho tanto medo... Espero que sim que ele melhore... Mas não temos garantias de nada... Ele é tão pequenino..." E entretanto aparece a minha obstetra que ao ver me a chorar assustou-se... E perguntou-me o que se passava. Eu expliquei-lhe o que sabia e ela disse que iria falar com os médicos... Ela lá foi e eu fiquei à espera... Quando regressou veio mais calma a dizer que sim era uma septicemia mas que nao era muito forte e que acreditava que com os 3 antibióticos que ele estava a fazer e iria recuperar. Que bom que souberam as palavras dela...que bom...
À hora de almoço fui ao centro de saúde de sete rios mostrar a minha cicatriz da cesariana e fui recebida da melhor forma possível. Enquanto esperava a minha vez as lágrimas continuavam a escorrer pela cara...claramente eu não tinha qualquer controlo sobre elas...o medo da perda e as hormonas pôs parto aos pulos eram provavelmente os responsáveis...
Quando a enfermeira de serviço me viu a chorar puxou por mim e levou-me para um gabinete isolado e fez de psicóloga. Foi muito importante a ajuda dela... Eu sentia-me tão impotente e tão sozinha... Sai dali bem mais calma e fui ter com o meu filho. Já estava bem mais positiva e voltei a acreditar que ele ia dar a volta, eu acreditava que sim. Entretanto chegou o pai e juntos chorámos pelo nosso pequeno mas demos força um ao outro para pudermos contagiar o nosso filho com energias positivas para a luta dele. Ficámos lá até bastante tarde... Se eu conseguisse fisicamente tinha ficado aquela noite agarrada à incubadora... Mas não...tive de o deixar sozinho e ir para casa...onde foi tão difícil dormir... No dia seguinte de manhã ligamos para saber e não haviam novidades... Fomos para lá assim que conseguimos e lá já nos disseram que o achavam já um bocadinho melhor. Ficámos o máximo de tempo que conseguimos com ele e fomos notando que aos poucos ele começava aos poucos a mexer-se qualquer coisa :)
Que bom que soube.
Passado 2 dias quando telefonamos de manhãzinha disseram-nos que ele tinha sido transferido para os cuidados intermédios... Que medo!
Pensando com a cabeça era bom sinal, era sinal que ele esta melhor e no bom caminho.
Pensando com o coração só pensava que ele era tão pequenino... Estava a tomar 3 antibióticos... Ainda dependia do oxigénio na incubadora... E na nova unidade já não teria um enfermeiro encarregue dele e de outro bébé mas sim um enfermeiro responsável por 4 bébés...
Lá fomos nós para a nova unidade à procura do nosso filhote... Disseram-nos incubadora 15 e lá fomos nós. E lá estava ele tão pequenino, tão indefeso... Mas via-se que estava melhor...
Nesta unidade os pais acabam por estar mais envolvidos no processo de cuidar do bébé.
Ensinam-nos a trocar a fraldinha a horas certas, a dar o banhinho, a tirar a temperatura e aos poucos
aprendemos a cuidar do nosso filhote :)
Quando o Gonçalo fez as 34 semanas ( sim porque se continua a contar as semanas como se ele ainda estivesse dentro da minha barriga...Sim é estranho eu sei ) experimentamos dar maminha...
Ele tentou tadinho mas ele ainda não tinha muitas forças e depois levou com uma iniciante que também não percebia nada do processo e a coisa não resultou...
Começou a tentar o biberão para estimular a sucção que só se desenvolve nos bebés a partir das 34 semanas. Ele não achou grande piada...ele lá dava ao maxilar mas sem grandes resultados Tadito... Aos poucos lá ia aumentado a quantidade de leitinho da mãe que bebia por uma sonda que tinha desde a boquinha até ao estômago. E ia crescendo e engordando, sinal que o leitinho lhe estava a fazer bem.
Já não me lembro bem a que semanas ele começou a ter alguns problemas de refluxo...
Quando bebia o leitinho o leite por vezes não ficava no estômago, voltava para trás incomodando as vias respiratórias... Os alarmes tocavam todos... O nível de oxigénio começava a baixar... O batimento cardíaco também... E nós apanhávamos grandes sustos... Tornamo-nos ainda mais dependentes daqueles monitores que nos indicavam o que se passava com o nosso filho.
Os enfermeiros ralharam conosco... Tínhamos que aprender o que se passava com ele sem olhar para o monitor porque em casa nao havia monitores... Era muito difícil... As 37 semanas depois do Gonçalo se manter 3 dias sem oxigénio na incubadora foi nos dito que ele seria transferido para a sala dos berços que é o passo anterior à ida para casa... Fui eu que o levei pelos corredores no meu colo para a nova sala e finalmente um berço. Foi emocionante e estranho esse dia mas soube muito bem. Lá estavam também outras mães que já conhecíamos de fases anteriores com os seus bebes. Aprendemos novas rotinas. Agora a troca de fralda numa mesa sem a incubadora a complicar o processo que bom! O banhinho já numa taça. Muito emocionante!
Os problemas de refluxo ainda demoraram a passar. o Gonçalo passou a beber o meu leite com um engrossaste para diminuir a possibilidade do refluxo acontecer... O estimular da amamentacao foi interrompido também por causa do refluxo :( Fomos continuando com o biberão com muitas dificuldades... Raramente o Gonçalo bebia mais do que 10/20ml, o resto tinha de ir por sonda... 9 dias depois de estar nos berços, quando finalmente tinha conseguido beber um biberão inteiro constipou-se... Foi ele e outra menina que estava na sala dos berços... A outra menina foi primeiro levada para a sala do isolamento... O Gonçalo no dia seguinte começou a ficar com falta de ar, tivemos de colocar novamente o oxigénio, deixou de conservar a temperatura... Tiveram que por um aquecedor, deixou de conseguir mamar no biberão... Foi horrível... A enfermeira que estava com ele nesse dia estava super preocupada, e falou com a medica que o levou novamente para a incubadora, desta vez a incubadora 18... Um retrocesso... Voltámos a ter medo... Começou a ficar muito atacado... E desenvolveu uma bronquiolite aguda... Tivemos de iniciar os aerossóis par a o ajudar a soltar a espectoracao... teve mesmo de iniciar ginastica respiratória e só assim conseguiu recuperar... Demorou 15 dias a recuperar... E médicos já nem arriscaram e não transferiram para a sala de berços, mas sim directamente para casa.
Foi para casa dia 9 de Maio, o segundo dia mais feliz das nossas vidas ( o dia mais feliz claro foi o dia em que ele nasceu), é como se ele estivesse a nascer outra vez :)

O Gonçalo tinha 38 semanas e 6 dias de idade corrigida, 8 semanas de vida e 2390g quando foi para casa a 9 de Maio de 2011

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Alta psicológica

E finalmente tivemos alta "psicológica" ! :)
3 anos e 3 meses depois de perder o meu primeiro filho, 10 meses depois do nascimento do meu segundo filho estou pronta para viver a vida sem ajuda profissional.
Sei que ela está lá se eu precisar mas já não é preciso.
E isso é bom.
Tanta coisa já se viveu depois disso.
E sei que hoje sou uma Mulher mais forte, mais realizada, mais FELIZ!!!