sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Segundo grande teste

Klebsiella pneumoniae


Pois é... já não bastou o susto do primeiro teste, passado um mês fomos novamente testados...
Menos de um mês depois do regresso a casa, o R voltou a ter muito de repente febre muito alta.
Desta vez fiquei logo em pânico, enviei mensagem a uma médica do hospital que conhecia bem o R a explicar os sintomas e ela disse para eu ir logo hospital. Mais uma vez ele só tinha febre, de resto estava bem disposto a brincar e a comer. Lá fomos nós, faz análises, deixou análises feitas à urina e como a febre tinha começado há pouco tempo voltámos para casa com um antibiótico mais geral. Passado 3 dias recebemos telefonema do hospital desta médica amiga com más noticias.
Era realmente uma infecção, uma infecção renal (uma pielonefrite) mas o problema é que desta vez era uma bactéria mais perigosa e ainda por cima com várias resistências a antibióticos e o R teria de ser internado e ficar em isolamento. Fiquei... sei lá como...
Organizei tudo. Pedi ajuda mais uma vez à minha sogra e lá fui eu para o hospital com o R.
Segundo internamento nos cuidados intensivos em menos de 1 mês... eu sentia-me completamente abananada...
Desta vez foi um pouco mais fácil, porque já conhecia o serviço e como funcionava.
Já haviam caras familiares e outras mães com quem desta vez até criei laços.
O mais difícil foi quando saímos dos intensivos para a enfermaria ficámos num quarto sozinhos e sem TV.
O R com apenas 10 meses, não havia muito para fazer para nos distraírmos.
O tempo custou imenso a passar... Foi desesperante...
A única coisa boa foi que ele melhorou bem com o antibiótico, o problema é que tinha de ser endovenoso, ou seja directamente na veia de 8 em 8h.
Felizmente o R dormia ainda muito bem de noite, eu conseguia dar-lhe o jantar e depois ía para casa tratar do mais velho, dar-lhe um pouco de atenção, pois a vida dele também tinha mudado completamente. Ainda foram 10 dias... Pareceu 10 anos...

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Porque queríamos adoptar

O primeiro internamento hospitalar foi feito na unidade onde o R tinha nascido.
Ou seja muitos dos profissionais conheciam o R ainda melhor que eu.
Eu estava à espera de perguntas, mas o que eu não estava à espera era do tipo de perguntas que iria receber...
"Porquê que o tinha adoptado?"
"Se estava consciente do historial dele?"
"Se tinha noção que o futuro poderia ser muito complicado?"
"Se já tinha um filho biológico, porque é que queria adoptar e ainda por cima um filho assim?"
E isto fez-me uma confusão à minha cabeça...
Fiquei chocada e se calhar até um pouco zangada.
Então mas a adopção é só de crianças bonitinhas e perfeitinhas? Só assim é que é lícito?
As crianças com problemas não merecem uma família?
Oh pá...
Respondi tudo com calma e educação, mas deixou-me magoada...
E prometi ao meu filho que tudo iria fazer para que ele conseguisse ultrapassar o mais possível todas as adversidades que aparecessem no nosso caminho.
Que ele era meu filho e era para a vida toda, como é sempre que temos um filho (ou devia ser).

Mais tarde vim a saber por uma das médicas, que nesta altura do internamento, quando me viram chorar, pensaram que nós iríamos desistir do processo de adopção e devolver o R.
Bolas bolas bolas! Eu sei que acontece mas para nós não se devolve um animal doente quanto mais um filho.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Primeiro teste

Preparámos tudo para trazer o nosso filho para casa. Fomos buscar as coisas do nosso primeiro filho que estavam arrumadas no sótão. Pedimos de volta algumas coisas que tínhamos emprestado a amigos e tudo ficou pronto. Escolhemos que os 2 irmãos iriam partilhar o quarto. O mais velho adorou a ideia e ajudou a montar tudo, ansioso com a chegada do irmão. 
Depois de uma semana de adaptação ao bebé na instituição, chegou o dia de o trazer para casa. Super ansiosa nem dormi nessa noite. Ele recebeu-nos com o seu sorriso lindo, sempre simpático e sem problemas veio para casa. 
O R era uma bebé fácil. Praticamente não chorava, não se zangava, não reclamava. Inicialmente isso podia significar menos trabalho mas pelo contrário. Porque por ele estava tudo bem, mesmo quando não estava. Ele não se queixava. O que me deixou um pouco insegura porque como poderia eu perceber que ele não estava bem. Passado 15 dias apareceu o pronto teste, o R começou com febre e passado 1 hora estava com 41 graus... Mãe de segunda volta não stressa e pensa ok acontece. Não há problema. Dou beneron e vejo o que acontece. Passado 1 hora a temperatura estava normal e ele super sorridente outra vez. Ele comia mal mas sempre comia mal mesmo quando estava bem. E como não tinha mais sintomas segui a regra dos 3 dias. A febre ía e vinha com beneron e brufen alternados. Até que ao 3 dia sem passar eu achei que ele devia ser visto por médico mas era domingo. Telefonei saúde 24 e aconselharam ir hospital. E lá fui eu. 
Recebeu-nos uma médica que o conhecia e foi super atenciosa. Análises sanguíneas, urina, rx tudo e mais alguma coisa. Resultados vieram a dizer que ele tinha uma infecção muito alta que ainda não sabiam o que era e teve de fazer despiste de meningite... 
Nesta altura assustei-me a sério e já chorava por todo o lado... 
Zanguei-me comigo: como é que eu mãe de segunda viagem não tinha percebido que ele estava assim tão doente: “Que raio de mãe és tu?”
Pior foi então quando recebi a notícia que apesar de não ser meningite ele teria de ser internado nos cuidados intensivos para ser vigiado de perto... Facada no coração... 
“E agora? Como é que eu faço? Não estava à espera disto...”
Marido longe a trabalhar, um filho em casa com a avó, filho este que só dormiu longe de mim menos de 3 noites.
Foi muito difícil de lidar com todas as emoções. 
Acho que liguei o cérebro e pensei friamente na situação. 
Tinha de ir a casa. Explicar tudo ao meu filho mais velho ( tinha 3 anos e 9 meses) e buscar as minhas coisas. 
O R estava medicado, a dormir, e super vigiado e eu a sofrer horrores  por o deixar assim doente, fui a escorrer lágrimas para casa dormir. Já eram 2 da manhã... 
Tentei dormir alguma coisa agarrada ao meu G e de manhã tratei dele, falei com ele é fui levá-lo à escola. 
Em lágrimas expliquei na escola o que se passava e para estarem mais alertas com o G se sentissem ele mais triste, já saberiam do que seria.
E fui para hospital. Lá estava ele a dormir. A soro. Não aceitava leite ( ele odiava leite...). E ainda sem saberem de onde vinha a infecção. Só ao 3 dia se confirmou que era uma infecção urinária. Nesta altura já ele respondia ao antibiótico que estava a fazer e já está mais acordado e vem disposto.
Manti a rotina de estar com ele todo o dia. Dar-lhe a sopinha ao jantar, pô-lo a dormir e depois ir dormir a casa. Ainda estive 12 dias internado. Foi duro... Mas vê-lo a recuperar deu-me ânimo outra vez. Felizmente o meu G foi um super mano que também lidou muito bem dentro do possível com a situação que tivemos de ultrapassar. E também graças à minha sogra que permitiu manter o máximo de rotina do G para ele não sentir muito, com muito carinho.

sábado, 11 de agosto de 2018

Somos 4

Em 2016 tentei dar notícias, a nossa grande notícia: que já somos 4. Depois de 5 longos anos à espera chegou o nosso telefonema nos finais de 2014. Um menino ainda bebé que tinha sido prematuro e tinha várias complicações de saúde.
Foi um choque inicial porque sempre pensámos que iríamos adoptar uma criança mais crescida, mas afinal outro bebé precisava de nós. Logo nos apaixonámos por ele sem mesmo o conhecer, sem ver uma foto, apenas a sua história conquistou o nosso coração.
Quando recebemos a foto tornou-se real! E ainda mais apaixonádos ficámos. 
Com um historial pesado, muitos foram os que nos tentaram fazer recuar ou pensar bem no que estávamos a fazer.
Claro que tivemos que pensar muito bem! É uma grande responsabilidade, assim como é uma grande responsabilidade engravidar. É um filho para a vida. E tudo pode acontecer como pode acontecer quando engravidamos de um filho biológico. 
Analisámos tudo, falámos com todos, lemos todos os relatórios e confiámos no nosso coração. 
Em tempos numa festa de aniversário da filhota de uns amigos, tínhamos visto com muito carinho como uma menina especial era feliz a brincar sozinha ou com os manos.  Essa menina que tinha um atraso grande no desenvolvimento mas era feliz! E isso marcou-nos aos dois. 
Quando ouvimos que este bebé tinha tantas coisas menos boas percebemos o quanto ele em especial precisava de pais que pudessem se sentir com força para lutar contra todas as adversidades que pudessem aparecer. E ter noção que mesmo que as coisas não acontecessem pelo melhor nós continuaríamos lá.  Era um contracto para a vida toda. Para o bem e para o mal. Nunca iríamos desistir. 
E foi assim que recebemos o nosso 2 filho vivo. 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Adoptar em Portugal



Recomendo muito este livro que saiu este ano 2018 para quem está a pensar em começar um projecto de adoção. Linguagem muito objectiva, muita informação instituicional e alguns testemunhos.