sábado, 28 de março de 2009

5 meses

Foi à 5 meses que eu senti pela última vez uma vida, a vida do meu filho dentro de mim.

À 5 meses ele se mexeu pela última vez e ninguém sabe porquê...

PORQUÊ???? PORQUÊ?????

Esta pergunta persegue-me...

Para quê que eu sou cientista? O gosto pelas perguntas... :(

Não ajudam nada nesta luta diária...

E ainda um bocadinho da culpa... a culpa que ainda me persegue daquela mer... da amniocentese...

A culpa de não ter confiado no meu instinto, que me dizia de uma forma tão intensa para não fazer aquele exame...

Aquele choro compulsivo, aquela angústia interna que me dizia: não não não...

Claro que a amniocentese não é a culpada oficial, até porque era dificil para os médicos admitirem isso... e também porque não deixou marcas...

Mas a coincidência de acontecimentos e tudo o resto normal contrariando o diagnóstico dos médicos para mim indica muita coisa...

O ter sido tudo tão depressa sem tempo para pensar...

Para quê fazer a amniocentese?

Faz-se a amniocentese se existe uma probabilidade de um problema cromossómico e se pensar numa IMG caso seja positivo.

Tive um óptimo rastreio do primeiro trimestre com risco de:
-1:9503 para T21
-1:17807 para T18 + T13
Com uma translucência da nuca de 1,3mm
E os ossos do nariz presentes.

O único problema era que ele era pequenino..

No meu caso tudo indicava se que houvesse algum problema seria T21 e mesmo assim era altamente improvável (como se viu com o resultado negativo).

Mesmo que fosse T21 não era dos mais fortes porque o bébé não tinha problemas. Ou seja muito provavelmente se com 23 semanas me tivessem dito que tinha uma filho com T21 eu não seria capaz de abortar...

Mas isto é o raciocinio que faço agora ... na altura não o fiz... senão não teria feito aquele exame...

O exame que acredito que levou o meu filho.

Os pormenores que só se sabe depois, como a placenta anterior, também não ajudam o exame, porque se tem de escolher um sitio da barriga onde não está a placenta para a agulha passar.
A minha era uma placenta anterior...

Este pormenores todos que me perseguem e que vão continuar a perseguir quando tivermos uma nova gravidez com decisões para tomar.

Hoje estou xoxita...

8 comentários:

PauLLa disse...

Oh amiga
Estas datas ineskecives....

Hoje, dia 28, tambem faz 6 meses que os nossos principes nasceram...

Há 6 meses atras, estávamos nós a chorar de alegira, pk os nossos principes tinham nascido...

Apesar de sabermos que eram muito prematuros, acreditámos mt nos avanços da medicina e nos medicos e pensávamos que os nossos bebes iam resistir ca fora...

Mas nao.... 4 dias depois morreu o Gilherme e 9 dias depois morreu o Afonso....

Estas datas inesqueciveis, e as quais vamos lembrar sempre...

Mas a vida é assim....

Resta-nos a esperança

bj gd linda

Maria disse...

Linda,
Neste momento há poucas palavras que te possa dizer.
Essas realmente são perguntas sem resposta, marcas que ficam para sempre...
Apenas te posso dizer que estou aqui, para o que precisares.
Beijinho grande e acredita sempre!

Vera Raposo disse...

Olha linda as datas por mais que não queiramos marcam sempre.. Porque relembramos com muita frequencia de tudo o que aconteceu..
O dia 28 passei bem.. Hoje nem tanto... Mas pronto.. Já lá vão 6 meses.. Meio ano que os meus principes nasceram.. Mas tb faz 6 meses hoje que estava de rastos sem saber o que ia acontecer com eles.. No dia 30 recebi a noticia que o Gui não ia sobreviver.. Sei que essa foi a pior noticia que alguma vez me deram... É muito duro..
Bem beijos fofos linda..
Recordações vamos ter muitas..
E dos meus canucos, infelizmente, tenho poucas que sejam boas.. desde o momento em que eles nasceram.. Foi dias de pesadelo!!!

LuscoFusco disse...

Marta,

Eu sei que há momentos em que não dá, em que por mais que queiramos não somos capazes... Mas esse confronto com os porquês destrói-nos, amiga! E tu sabes que sim... Não recues. Lembra com saudade mas vive com esperança! Minha querida, a tua hora vai chegar! Eu sei que vai! Vai! Muita calma, serenidade e pensamento positivo é o que mais te desejo!

Um beijinho muito, muito grande!

Liliana disse...

Olá Marta.
A culpa não te leva a lugar algum.
Eu sei que as datas são muito dificeis de ultrapassar, e por mais tempo que passe vamos sempre lembrar nos delas.Também penso por vezes que não deveria ter ficado em casa à espera que amanhecesse para ir para o hospital! Será que o meu filho estaria cá se tivesse sido essa a minha decisão? São questões para as quais nunca iremos ter respostas. Por isso não te culpes por uma decisão que tomaste. Fizeste o que achaste melhor e isso devo deixar te em Paz, porque tomaste a decisão pensando no melhor para ele! Força.
Um beijinho grande.
Liliana

Martense disse...

Obrigada a todas pelos mimos.
Já estou mais animadita.
Foi do dia...

Bjs

Martense

Time Traveller disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Time Traveller disse...

Olá :) Cheguei até aqui através de uma pesquisa sobre adopção. Lamento ler as tuas palavras sobre a perda do teu bebé.
Andamos num barco à deriva... cada uma no seu.
Nunca estive grávida... apesar de ter feitos muitos tratamentos: Induções, Inseminações, Fertilizações in Vitro e ICSIs. Enfim... nada resultou. Nem por uma única vez senti uma vida a crescer dentro de mim :( Todos os filhos que "perdi", nunca existiram na verdade. Ou existiram apenas numa placa de Petri, quando eram somente meia dúzia de células frágeis. Quando se é cientista, estas coisas doem ainda mais :( Olhar para caixas de Petri todos os dias, não ajuda. Pegar em provetas todos os dias, muito menos. É a vida...
Não consigo sequer imaginar o que possas ter sentido quando perdeste o teu bebé. Mas sei que culpa é palavra que deves riscar do teu dicionário de afectos! Porque na altura decidiste o melhor que sabias e pelo melhor que querias para o teu bebé. E, além disso, nada te garante que sem a amniocentese o desfecho fosse diferente.
Espero que recarreues baterias emocionais para depressa tentares nova gravidez. Não esperes muito... um amor ajuda a minimizar a perda de outro. Sempre foi assim, sempre será.
Da minha parte, depois de tantos tratamentos negativos e de milhares de contos gastos no particular, chegou a vez de parar. De não remar contra a vontade de Deus ou do Universo. De procurar alternativas. A adopção poderá ser uma delas. Porque não vejo o resto da minha vida sem filhos, sem crianças a correr pela casa, sem visitas do Pai Natal, sem joelhos esfolados, sem bocas lanbuzadas de gelado nos dias quentes de Verão!

Desculpa este "testamento" :)